Baixa produtividade: causas e soluções
Portugal enfrenta, há várias décadas, um problema estrutural de baixa produtividade, o que impacta diretamente o crescimento económico, os níveis salariais, por conseguinte, o bem-estar da população, e a competitividade no contexto internacional. As causas são complexas e incluem fatores culturais, educacionais e tecnológicos.
A baixa produtividade registada em Portugal é um tema recorrente, que persiste há décadas e exige um conjunto de medidas profundas.
Causas
As causas são complexas, mas assentam na baixa qualificação do capital humano. A liderança e força de trabalho portuguesas apresentam, em média, um nível de qualificações inferior ao dos principais parceiros europeus. A oferta de formação profissional e superior nem sempre está alinhada com as necessidades do mercado de trabalho.
A baixa mobilidade geográfica e setorial dos trabalhadores dificulta a sua alocação eficiente. Já o investimento em capital físico, como máquinas e equipamentos, tem sido historicamente baixo, acompanhado pelo envelhecimento do parque industrial. Muitas empresas utilizam tecnologia obsoleta, o que limita a produtividade.
A complexidade e lentidão dos processos burocráticos, a incerteza jurídica e fiscal e a governação dificultam a atividade empresarial e a escolha de Portugal como destino para investimento.
Também apontada muitas vezes, é a falta de cultura de inovação e de tomada de risco. As empresas portuguesas investem pouco em investigação e desenvolvimento, o que limita a capacidade de criar novos produtos e processos.
O predomínio de setores de baixa produtividade e intensidade tecnológica, como comércio e serviços e a falta de especialização em nichos de mercado com maior valor acrescentado também limitam o potencial de crescimento.
Soluções
Assim, as soluções para este cenário de baixa produtividade passam, num primeiro momento, pela aposta na educação e formação. Reformar o sistema educativo, adaptando-o às necessidades do mercado de trabalho, investindo em competências técnicas e soft skills, a promoção do ensino superior nas áreas da ciência e tecnologia e a formação profissional contínua são essenciais.
Aposta que deve ser acompanhada de incentivos fiscais, com foco no investimento em capital físico e inovação, e facilidade de acesso a crédito, pelas das empresas, para financiar investimentos, parcerias público-privadas e promover projetos de grande dimensão.
Reformas estruturais urgem, como a simplificação burocrática e a reforma da justiça e da administração pública.
Além disso, é crucial fomentar a criação de ecossistemas de inovação, o incentivo à investigação e desenvolvimento, a proteção da propriedade intelectual, o apoio à internacionalização e a promoção de setores com maior potencial de crescimento, como as tecnologias de informação, a biotecnologia e as energias renováveis.
A resolução do problema da baixa produtividade em Portugal exige um esforço conjunto de todos os agentes económicos e sociais. É fundamental implementar um conjunto de medidas abrangentes e consistentes ao longo do tempo, com o objetivo de criar um ambiente favorável ao investimento, à inovação e à criação de emprego de qualidade.